quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vida de pantera!

O desfile da Cia. Marítima foi feito na marquise do Ibirapuera sob uma temperatura de 11 graus. Indignado diante de tamanha crueldade que as modelos iriam passar, fui no backstage perguntar para essa classe profissional sofrida o que elas fazem para se aquecer numa situação dessas?
Renata Maciel

"Acho o máximo, nem vou pensar no frio, fora que pra mim nem é frio, eu moro em Nova Iorque, isso pra mim é primavera! Vou tomar champagne para relaxar e esquentar."


Bianca Klamt

"Sou do Maranhão, mas moro em Nova Iorque, num tempo assim eu ponho até uma camisetinha. Eu não acho que champagne esquenta, mas é legal pra entrar na passarela bem pantera"


Adriana Caye

"Eu sou gaúcha, mas tô morrendo de frio. Eu danço antes para esquentar, não preciso de champagne pra virar pantera!"


Fernanda Motta

"O frio na barriga antes de entrar é tão grande que o lá de fora eu nem percebo'"


[Didi, do Te Dou um Dado? - leia mais aqui]

De blogueiro famoso para bloqueiro famoso!

Yvan Rodic, o blogueiro responsável pelo site Face Hunter, pintou do nada aqui no lounge da Fiat/Glamurama e de tacinha de champagne na mão sentou do meu lado. Eu, que sofro de excesso de auto-cofiança, já achei que estava rolando um clima de paquera e azaração e cheguei chegando:

Oi, você é gay?
Não, eu sou só um cara legal, que viaja e veste roupas bacanas.

Jura? Num tem quem diga... Agora você não me deixa muita opção... Vejamos... O que você tem pra me oferecer... Ah! Me conta, como que eu faço pra ser um blogueiro famoso?
Ok, primeiro seja bom no que você faz e use o seu network. Tirar fotos suas e postar no seu blog ajuda para fazer o povo te reconhecer, talento não é muito importante, o importante é saber usar o network. É importante também ser ativo tanto online, quanto offline, por exemplo, saia por aí, veja e seja visto. Ah! E também ajuda ser bonito e carismático.

Você me acha bonito e carismático?
Mmmmm... Carismático talvez, bonito não. Talvez no Brasil você pode ser considerado bonito, mas acho que na Europa não.

Como assiiiiiiiim? Minha vida sexual na Europa é bem mais movimentada que aqui!
Se você está dizendo...

E você? Você se acha bonito?
Não.

(Ainda não superando o fato de ser considerado feio na Europa:) Ok, eu e você, quem é mais bonito?
Você!

(Agora mais feliz:) Você recebe dinheiro pelo blog?
Nem tanto, mas eu recebo um monte de coisa de graça, por exemplo essa viagem!

E o que você está achando do São Paulo Fashion Week, o que tem de melhor e pior na moda por aqui nos trópicos?
O pior são essas garotas usando essas botas estilo "botuxa", o presidente de vocês deveria tornar o uso delas ilegal! O melhor eu acho, são esses vestidos florais, e a conexão de moda com meio-ambiente, natureza, essas coisas que tem aqui no Brasil.

E esses "hipsters" que estão por toda a parte aqui, todos com o mesmo visual, o mesmo corte de cabelo, tudo inspirado no que eles vêm na internet?
Ah, são todos adolescentes, e quando se é adolescente o importante é seguir o grupo, na fase adulta é que eles vão virar indivíduos de verdade. Você se acha melhor que eles porque não está vestido da mesma forma?

Mmmmm.... Sim. Eu nem vou nesses blogs hipsters de moda rua... Nem conheço o endereço deles inclusive. Aliás, qual o endereço do seu?
Toma o meu cartão.

Ok, mas assina alguma coisa pra mim?:




[Didi, do Te Dou um Dado? - leia mais aqui]

Vou levar pra casa...





O chinelo de palmilha japonesa e detalhes em dourado da Melissa e a bolsa de palha da Movimento...

Biti, a rebelde


O jornal do SPFW de hoje traz uma entrevista com a nossa blogueira Biti Averbach, expert em moda. Entre outras coisas curiosas e inteligentes, Biti revela que já teve cabelo moicano, usava looks bem absurdos e que Costanza Pascolato foi sua madrinha, em seu primeiro trabalho, para a revista Claudia Moda.

Cia Maritima vai ter trilha Blaxploitation





Enquanto a gente conversava com algumas tops no backstage do desfile da Cia Marítima, que acontece daqui há pouco na marquise, também batemos um papo com Tejo e Rica Amabis, do selo Instituto, que vão fazer a trilha. "Será um mix com referências do Blaxploitation", definiu Rica. O Blaxploitation é um gênero de cinema que surgiu nos EUA nos anos 70 voltado para o público negro, com atores negros e músicas incríveis de compositores de funk e soul. O make e o look das meninas vai estar de acordo, inspirado na lendária marca inglesa Biba, como revelou a top Bianca Klamt: "Nosso look vai ser bem pantera!".

[Carol Ramos]

E na TV Fiat Glamurama...

- Gatas de botas, o calçado que mais bombou nos corredores da Bienal;

- Colados no estilista: Igor de Barros, da V.Rom;

- O Furacão Kenzo;

- Japan Pop Show: as meninas mangás que apareceram pela Bienal;

- Ferveção no lounge Fiat/Glamurama;

- O look globalizado de Madame Mim;

- Fashionistas mostram o que levam na bolsa;

- Vida de Modelo;

- O que mais odeio e o que mais gosto no SPFW?

Assista tjá!

Pílulas

*Teremos um verão, acho que se pode dizer… repolhudo!


Da esq. para a direita: mintdesigns e Ellus 2nd Floor.




O vestido pink é Do Estilista, o estampado é Fábia Bercsek.

A Osklen apostou na abundância, Tufi Duek foi mais comedido.

[fotos: Charles Naseh/Chic e SPFW/Fotosite]

[Biti Averbach, do Moda Sem Frescura – leia mais aqui]

O ângulo perfeito de Kenzo

Em meio ao formigueiro de paparazzis em cima do Kenzo, nossa fotógrafa Fergis conseguiu captar um momento único do estilista japonês!

A MODA ESTÁ NUA: O MARAVILHOSO FIGURINO FAKE DE MARCELO SOMMER


Nada é banal em Marcelo Sommer e sua grife Do Estilista, não fantasiem errado. Mesmo quando declara fazer um desfile com seus desejos de imagem e não de produto ele está indo fundo no conceito de moda e na função dos desfiles. Ele, dentro de um sistema econômico que a cada dia privilegia muito mais os resultados e lucros (empobrecendo a imaginação na moda), lucra muito mais procurando os resultantes, os resultantes que fazem com que quando Marcelo cria uma peça, não temos dúvidas que só a ele pertence e só por ele poderia ter sido construído.

Fantasia e figurino. O quanto a moda vive com medo desses extremos, como os antigos navegadores tinham medo que o mar acabasse. Quebrar, romper com o medo da teatralidade, do fantasiar-se, do figurino faz parte de uma atitude avançada em moda, ainda mais nos tempos de hoje.

O linguista inglês J.R.R. Tolkien afirmava que “fantasiar é ser bem sucedido em fazer ou vislumbrar outros mundos. Não mundos possíveis, mas mundos desejáveis.
Já na definição rápida do Wikipedia diz que “figurino é o traje usado por um personagem de uma produção artística (cinema, teatro ou vídeo)”.


Bailando sobre esses dois conceitos, a marca faz surgir toda a força de seu imaginário. Não é figurino de enfermeira, nem fantasia de enfermeira, é exatamente a sua versão fake, a versão moda que trafega sobre esses mundos desejáveis. Não à toa muitos fashionistas ficaram fascinados pelo look que eu chamo de burka mulçumana.


Para provar o que eu escrevi e a radicalidade desse trabalho Do Estilista, por desorganização pessoal minha, assisti o desfile da janela de fora do museu com muitos fotógrafos e fashionistas. Foi uma experiência divertida e inusitada, porque eles identificavam os looks com pessoas de moda, do imaginário daquelas pessoas. Muitas gritavam:”Olha a Graça Borges! Olha o filho da Erika!” e não olha a noiva, a bruxa, o palhaço, a mulçumana.
Marcelo Sommer fez todos fantasiarem por poucos minutos um mundo muito melhor e mais divertido!

[Vitor Ângelo, do dus*****infernus - leia mais aqui]

Narcisa ama TDUD?!!!



A-CA-BA-MOS de ter aqui no SPFW o encontro com o nosso Deus particular, com o mito, a lenda, NARCISA TAMBORINDEGUY! Podíamos, por horas, tentar passar a emoção que sentimos nesse momento de luz, mas lhe daremos o relato literal para que você, querido leitor, se arrepie com a gente:

Didi: - Narcisa, você por aqui? Que desfiles você veio ver?

Narcisa: - Não sei, quais que têm?

Didi: - Olha Narcisa, vários.

Narcisa: - Ai, me dá os convites?

Didi: - Tá, vou tentar, mas antes fala aqui com a Polly (ligando pra Polly e passando o celular pra Narcisa)

Narcisa: - AI QUE LOUCURA! AI QUE ABSURDO! BEIJOS, NARCISA!

Narcisa fala no celular como quem deixa scrap no Orkut. Não faremos outra coisa daqui pra frente!

[Didi, do Te Dou um Dado - leia mais aqui]

Tatuagem



Durante a temporada de desfiles, nada mais normal do que se deparar com mil divergências de opinião. Fashionista que se preze tem sempre uma crítica na ponta da língua. Um diz que adorou o look sexy da Forum de Tufi Duek; outro, que prefere a moda lúdica de Marcelo Sommer; e assim vai, na multiplicidade de vozes da Babel Fashion.

Mas algo com que todos devem concordar é que a decoração da Bienal, nesta edição, é das mais bonitas da história do evento!

Grande parte desse mérito é do Estúdio Árvore –dirigido por Rogério Hideki e Vitor Santos– que agora assina toda a comunicação visual do São Paulo Fashion Week.



A pedido de Daniela Thomas, cenógrafa do evento, o Estúdio Árvore desenhou mais de 400 m² de ilustrações com inspiração nipônica. O trabalho, desenvolvido em três meses, resultou em 18 imagens que se espalham pelos painéis de papelão do prédio da Bienal. O efeito é deslumbrante!

“Misturamos a estética clássica das gravuras e pinturas japonesas (Angá/Hokussai e sumiês), com a modernidade de traços inspirados na designer Yuko Shimizu”, diz Rogério Hideki.

Um detalhe curioso: a dupla de designers Rogério Hideki e Vitor Santos, para quem não sabe, foi quem criou a V.Rom, marca vendida há um ano e meio para Alberto Hiar, igualmente dono da Cavalera.

[Biti Averbach, do Moda Sem Frescura – leia mais aqui]

RITA WAINER ACERTA O PASSO NA 2ND FLOOR

Vou confessar algo que nunca tinha nem comentado nem com a Rita Wainer, estilista responseavel da marca. Os dois primeiros desfiles que ela fez para a grife de Nelson Alvarenga poderiam ter sido feitos por qualquer estilista, tinha muito pouco da personalidade e do processo criativo da Rita, pelo menos o que se via na passarela. Lembro de uns vestidos de cetim de noite que jamais imaginei ela produzindo. Não que o estilo tenha que se transformar em algo estático, mas estava longe de ser a alquimia entre a marca e um estilista convidado.

Nessa viagem pelo mundo, Rita conseguiu finalmente imprimir sua personalidade e ao mesmo tempo deixar a marca com seu próprio DNA. Essa tarefa não é fácil, mas foi delicioso encontrar a atitude da estilista através de looks étnicos-urbanos que ela tanto adora ou os patchworks na construção dos vestidos.
Uma coleção que marca finalmente um delicioso encontro (quem sabe em um youth hostel) entre dois mundos, o de Rita com o da 2nd Floor, o do conceitual com o comercial.



Rita leva sua timidez para viajar

[Vitor Ângelo, do dus*****infernus - leia mais aqui]

O ABSTRATO POÉTICO DA OSKLEN

Fazia algum tempo que o lirismo de uma idéia abstrata não dava o tom de uma coleção de Oskar Metsavaht. Fazia tempo também, desde o verão de 2005, com sua excepcional coleção sobre o vento que a Osklen não olhava para a natureza como inspiração, pois a marca e seu perfil ecologicamnte correto que o estilista tem adotado e filiado a grife nos últimos anos, tem feito ela olhar para o mundo natural muito mais como ideologia com prejuízo à poesia.

Choveu idéias na sua coleção de verão 2009. Inspirada na chuva, se ela não teve a radicalidade de seu inverno anterior, pelo menos avançou em muitos quesitos. Ao utilizar o plástico como elemento orgânico e poético elevou o conceito de natureza, afinal sempre esquecemos que o homem e suas invenções também fazem parte dela.



o prisma do asfalto sujo molhado: do plástico ao plástico

Ao propor um homem mais feminino com saias (fazia tempo que não se via um look desses nas passarelas tupiniquins), calças dhots com cavas baixíssimas tenta quebrar pelo menos imageticamente a camisa de força que se encontra a moda masculina.
Ao conciliar conforto com elegância, (incrível como a fluidez das peças parecia que os modelos estavam sempre aconchegados em suas roupas) reforça uma idéia que ele tem avançado sempre em sua marca que é de um modo de vida brasileiro, despojado, mas nunca desleixado.



[Vitor Ângelo, do dus*****infernus - leia mais aqui]

Quem apareceu ....




O frio fez muita gente tirar moletons, lenços e casacos do armário. Mas dentro da Bienal a temperatura estava bem agradável e teve até shortinho. Dá uma espiada em quem veio conferir o primeiro dia de Fashion Week no nosso FLICKR!

A alma do rio



Depois de assistir ao desfile de Tufi Duek, deixei o burburinho da Bienal e rumei para o shopping Morumbi. Os leitores deste blog podem imaginar, porventura, que uma súbita fúria consumista tenha tomado conta do meu ser. Não, nem um pouco. O que aconteceu é que fui seduzida por um convite delicioso, irrecusável: jantar com o estilista Ronaldo Fraga, saboreando um menu criado pela chefe de cozinha Agnes Farkasvolgyi, à partir do tema da coleção, que é o Rio São Francisco.

Chegando lá, conversei com Ronaldo sobre sua fonte de inspiração. Ele abordou a espinhosa questão da transposição do Rio São Francisco –um projeto de irrigação que pretende construir 700 quilômetros de canais até a região semi-árida do Nordeste, mas que segundo os críticos do empreendimento, vai favorecer quase exclusivamente aos latifundiários, sem falar na questão do impacto ecológico e ambiental.

[Biti Averbach, do Moda Sem Frescura – leia mais aqui ]