sábado, 21 de junho de 2008

GUERREANDO COM A MODA MASCULINA

Em tempos que o Exército prende soldados homossexuais e precisa a todo custo provar sua virilidade, nada como o vento dessa bandeira que Alexandre Herchcovitch levanta em sua coleção masculina para o verão 2009.
Ao entrar seu primeiro look, um simulado de camuflagem, torci o nariz e pensei: “Ai não, um militarismo equivocado assim como seu caubói pós novela de dois anos atrás sobre esse universo que nem vintage dá pra chamar”.

Mas as bombas de seu universo me atingiram em cheio. Ao olhar para a roupa de povos em conflitos e muito mais, roupas que trazem um certo orientalismo, ele dá um tiro certeiro na moda masculina, que logicamente é filha do ocidente macho branco e por isso está munida de todos os preconceitos e todos os entraves para realmente colocar os homens na roda da moda.





O fato de aparecer os saiotes pregueados, uma faixa acinturada, estampas muito coloridas e vivas (referências orientais) trazem à tona o que muitos perguntaram ao estilista sobre seu homem estar mais feminino. Focado em sua inspiração, os povos em conflitos, Alexandre negou essa possibilidade como palestinos e israelenses negam agredir-se mutuamente e acabou não percebendo que a moda masculina é sua verdadeira zona de conflito, e em certo sentido seu batalhão está na avant-garde desse problema crucial aos homens: ter uma identidade.
A discussão de gênero é antiga no pensamento de moda de Herchcovitch, mas estava adormecida faz algumas temporadas. E fazê-la ressurgir de maneira tão ideologizada e em um momento tão cruccial como o que vivemos hoje, faz com que declaremos guerra contra a caretice da moda masculina e seu pensamento obtuso.

[Vitor Ângelo, do dus*****infernus - leia mais aqui]

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